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Ricardo Sá

Diretor-superintendente da Santa Casa

O entrevistado desta segunda-feira pelo blog é o diretor superintendente do Hospital da Santa Casa, Ricardo Sá, que fala sobre desafios, pós pandemia, atendimentos, relação com a prefeitura e novos projetos.

Blog- Há um ano e meio à frente do hospital quais foram os maiores desafios e outros que a Santa Casa deve enfrentar nos próximos anos?

Ricardo – O primeiro desafio que tive foi em 2020, ano em que cheguei, para fazer toda a reestruturação financeira que a entidade precisava. Em 10 meses consegui realizar a ponto de fechar o ano com um pequeno saldo financeiro positivo, pois nos 3 anos anteriores o hospital veio fechando no vermelho e nós conseguimos, em razão de todo esse remanejamento financeiro que foi feito, fechar a casa com um pequeno saldo positivo e isso foi uma grande vitória. O meu primeiro ano seria focado em gestão administrativa e financeira para colher melhores resultados em nível de processos e, consequentemente, melhores resultados em nível financeiro, e foi o que aconteceu. Agora, no ano de 2021, estou procurando fazer com que eu consiga trazer o melhor alinhamento nas condutas assistenciais do hospital. O hospital tem alguns problemas de natureza prática e organizacional no seu modelo de funcionamento médico e são estas coisas em nível assistencial que estou, este ano, dedicando-me a corrigir. Em função disso, temos em média 10 médicos que foram desligados aqui da Santa Casa por causa dessa reestruturação na área assistencial que estamos fazendo. Eram médicos arcaicos, cheios de vícios, faziam as coisas com má vontade, além de não possuírem compromissos com a nossa instituição, o que não vai mais de encontro com o que eu quero. Eu quero pessoas altamente comprometidas com a casa e quem não tem compromisso não vai ficar. Não basta ter qualidade, tem que ter compromisso com o hospital.  Espero que até o final desse ano eu consiga corrigir, senão tudo, a maior parte dos problemas assistenciais que existem aqui. Conseguindo isso, eu quero, ano que vem, independente de todo processo de investimento em melhorias que foi feito aqui, partir para a certificação internacional canadense, que é tida como a melhor certificação que existe no mundo para mostrar a todos que essa Santa Casa é uma entidade séria e de respeito.

Blog – Em relação à pandemia o hospital já trabalha olhando para um futuro sem o Coronavírus ou ainda pauta suas ações considerando uma possível onda da variante Delta?

Ricardo – Acredito que o Coronavírus nunca vai acabar. Esse é um consenso universal. O Coronavírus vai se tornar um vírus comum ao ser humano, porque todo mundo vai ter que tomar vacina todos os anos, como se faz hoje em dia com a gripe aviária, que também matou muita gente. Todo mundo vai ter que aprender a lidar com ele.Todas as comunidade públicas vão ter que entender que precisará ter a vacinação em massa regular todo ano, essa é a nova realidade. Todo ano vamos ter casos de internação graves e óbitos. Entendendo essa necessidade de aprender a conviver com o vírus, o hospital também deve aprender a receber pacientes e tratá-los como uma síndrome gripal qualquer.

Blog – Você já disse em suas entrevistas que a Santa Casa irá ampliar seus atendimentos a convênios e particulares. De que forma isso afeta o paciente SUS?

Ricardo – Nós temos leitos suficientes para poder atender a todos os pacientes, tanto do SUS, quanto convênio. O fato de atender convênios não é ilegal, está dentro da legalidade de toda Santa Casa, e o convênio tem a principal situação de poder cooperar com o sistema financeiro da Santa Casa para que possa gerar recursos para se manter, até convênio. É graças a ele que as irmandades conseguem se manter no mercado. Pretendemos também, a medida que o tempo passe, ampliar os números de leitos e é por isso que eu acredito que não haverá nenhum prejuízo à atenção com os pacientes do SUS

Blog – Sobre os grandes investimentos que estão sendo feitos em reforma e equipamentos a idéia da Santa Casa de Poços é chegar ao patamar de grandes hospitais do Brasil?

Ricardo – Chegar é difícil, mas com certeza a Santa Casa será um hospital de primeira linha na região. Isso eu aposto e estou colocando o meu nome em jogo de que a Santa Casa, em 5 anos, se tornará um hospital de primeira linha para toda a região do Sul de Minas Gerais.

Blog – Como é sua relação com a Prefeitura e com a Secretaria Municipal de Saúde? Tem sido uma relação de parceria?

Ricardo – Temos uma relação muito boa desde quando cheguei. Não tenho nada a me queixar sobre o meu relacionamento com o senhor prefeito, nem com o secretário de Saúde e muito menos com a Câmara Municipal, só tenho a agradecer. Eu sempre tive um excelente relacionamento com todos eles. Todos compreendem as necessidades da Santa Casa. Claro que nem sempre é possível a eles, de imediato, ajudar e atender a Santa Casa, mas eles têm sido ótimos parceiros.

Blog – Sobre as dívidas que o Estado tem com a Santa Casa, qual é o tamanho desse rombo? Há uma expectativa que, em um futuro próximo, o hospital possa receber essas verbas de extrapolamento atrasadas?

Ricardo – Esse talvez seja o nosso maior problema no momento. Nós temos apurado cerca de R$ 9 milhões para receber de extrapolamentos, condição de suporte financeiro que o Estado deve fazer. Se nós estivéssemos com esse extrapolamento em dia nós não teríamos dívidas com ninguém, mas, tenho dívidas grandes a cumprir com bancos, prestadores de serviço, fornecedores e médicos. Eu tenho saldos a cumprir e a honrar que estão abertos, justamente porque estes extrapolamentos não estão chegando. Se estivesse com isso hoje em dia, a Santa Casa não deveria nenhum centavo a ninguém e eu espero que esse dinheiro chegue o quanto antes.

Blog – Como você definiria a Santa Casa em março de 2020, quando você chegou, e agora?

Ricardo – Acho que melhorou muito. A Santa Casa ficou mais ágil, apesar da saída de muitos funcionários na primeira semana de maio. Eu vejo um grupo de pessoas trabalhando aqui dentro com muito mais disposição e vontade, acreditando que a Santa Casa pode ser melhor. A irmandade não trabalha mais com aquele processo de endividamento crônico que ela tinha, muita coisa foi reformulada, muito contrato mal feito foi cortado ou redimensionado, muita despesa desnecessária foi cortada e muitos privilégios estão sendo cortados, então, acho que a Santa Casa melhorou muito nesse pouco mais de 1 ano. Há ainda muito o que melhorar, o trabalho ainda não acabou, estamos, talvez, na metade do caminho do trabalho a ser realizado, muito tem que ser feito ainda, mas acredito que é uma instituição muito melhor do que aquela que peguei há 1 ano atrás.

Blog – Você já se considera um poços-caldense ou a pandemia, aliada a quantidade de trabalho na Santa Casa, ainda não o deixou desfrutar da cidade da melhor forma?

Ricardo – Infelizmente eu trabalho até nos finais de semana em casa. Fico agarrado no computador trabalhando e estudando e ainda assim tem alguns que eu preciso ir ao hospital. Então, é muito difícil conhecer a cidade com tanto trabalho. Não deu tempo ainda de tirar férias para conhecer melhor a cidade, mas minha mulher e eu estamos gostando muito daqui nós gostamos muito do vínculo com as pessoas, que são muito simpáticas, gentis e educadas. A cidade é muito aprazível e bonita, com ótimos restaurantes para quem gosta de comer, como eu. Estamos adorando a cidade. Então, se eu não sou poços-caldense, acredito que até o final do ano devo ser.