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Certamente, o presidente Lula não seria um dos leitores desta modesta coluna. Apesar de suas falas parecerem uma resposta frontal  às nossas mais recentes críticas, relativas aos fundamentos macroeconômicos equivocados, da política fiscal do atual governo.

A certeza não advém da suposição de que o presidente não possa, ou não saiba, ler. Longe disso. Simplesmente, Lula não gosta de ler e não gosta de quem lê.

Essa impressão é fruto das próprias declarações presidenciais: além do fato de se orgulhar de nunca ter lido um único livro, ou de menosprezar diplomas escolares, Lula recrimina seu ministro da fazenda, Fernando Haddad, por dedicar-se à leitura. Ao invés disso, o ministro deveria “jogar conversa fora” com congressistas, tentando convencê-los de alguma coisa, sabe-se lá o que.

Reclama da “lentidão” de seu vice, e ministro da indústria e comércio, bem como da inoperância de seu ministério, em “comunicar” suas “entregas”.

Não sabia que Lula operava um “delivery”. Já que é assim, quais seriam as tais entregas? O desajuste fiscal? A epidemia de dengue? Ou os vexames internacionais?

Efetivamente, há um debate em torno dessas questões. Há uma preocupação generalizada, não uma “torcida” contra a economia brasileira. Estamos todos no mesmo barco.

O mais incrível seria o raciocínio tortuoso do presidente: ele diz que “no Brasil tudo é gasto”. Nada seria “investimento”.

Só para esclarecer, quando se gasta, tudo seria gasto, inclusive quando se gasta com investimento. Alterar a natureza, ou a classificação, do gasto, de custeio para investimento, não o transforma em receita. Continua sendo gasto. Parece óbvio.

Continua Lula: “aqui só o superávit primário é investimento”. Outro despropósito. Esse tipo de superávit não é investimento, mas, simplesmente, gastar menos do que se arrecada, em tributos. Permitindo, desse modo, o investimento sustentável. Qual seja: investir sem a necessidade de se contrair dívidas.

Daí vem a pergunta: onde se encontra a “Anta”? Em quem diz tais absurdos ou na pessoa que acredita em tamanhas asneiras?

Dilma achava que sabia economia. Chegou a “inventar” um doutorado que jamais cursou. Deu no que deu: na maior recessão da nossa história.

Agora vem Lula, dando aula de conceitos macroeconômicos e recomendando que seus ministros não estudem. No que vai dar? Certamente, medo dá.

(Marco A. Adere Teixeira – historiador, Advogado e Cientista Político)