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O afastamento de quatro magistrados federais, que oficiavam junto à quase extinta operação Lava Jato, seria mais sério do que parece.

O corregedor nacional de justiça, Luís Felipe Salomão, que atua no âmbito do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), afastou dois juízes e dois desembargadores de suas funções. Entre eles, a atual “musa” da Lava Jato, juíza Gabriela Hardt. Trata-se de uma situação escandalosa. Não haveria precedentes.

Os termos do despacho de Salomão são graves. Estabelecem uma série de acusações, de ordem ética, disciplinar e criminal. Sim: teria havido corrupção, motivada por acordos de leniência, envolvendo bilhões de reais.

Donde conclui-se: o comportamento de alguns magistrados, em conluio, não teria sido melhor que o dos réus da Lava Jato. Seriam uma espécie de “petistas de toga”, ainda que adversários do PT. Difícil imaginar algo mais perigoso.

Além dos quatro magistrados diretamente envolvidos, estaria na alça de mira o próprio Moro, que está para ser julgado, em breve, pelo próprio CNJ. O homem corre o risco de levar “chumbo em pleno voo”.

Uma vez abatido, Moro será recolhido pelos cães e devorado pelos caçadores. Terá o mesmo destino de outras “aves de arribação”: voou alto, mas não alcançou seu destino.

O mesmo aconteceu com Dalagnol, o promotor do “power point “.

Haveria alguma lição a ser observada? A de sempre: por debaixo da toga, prevalece a condição humana. Rapapés, salamaleques e “data vênias” não resistem aos fatos.

Por enquanto, há que se dar o benefício da dúvida aos acusados. O que indica a próxima questão: o ministro Salomão colocaria em risco a própria reputação, e a carreira, fazendo acusações levianas? Difícil.

Mas se assim for, estaremos no pior dos mundos: em plena antropofagia judiciária. Em meio a um baile de vampiros, “num balé esquisito”.

O menu incluiria oficiais de justiça na entrada, magistrados como segundo prato e, como “pièce de résistance” suculentos ministros, de tribunais superiores. Na sobremesa, creme azedo à República.

Seguido de um café golpista.

Haja indigestão.

(Marco A. Adere Teixeira – historiador, Advogado e Cientista Político)