A presente escalada da tensão, e da violência, no Oriente Médio parece “mais do mesmo”. Em grande medida, assim é. Mas nunca seria exatamente a mesma coisa.
O componente histórico está sempre presente e se arrasta por milênios. Mas estamos no século XXI. Não seria recomendável olhar apenas para o passado.
Vejamos o que, no presente, repete o passado. Seria o autoritarismo que permeia toda a região. Os princípios liberais-democráticos jamais “colaram” por lá. E hoje temos a direita extremista, e autoritária, governando também Israel. Uma excessão seria o Líbano, em grande parte democrático, cristão e ocidentalizado.
Entretanto, seria dividido entre muçulmanos sunitas, palestinos xiitas, drusos e outros.
Além de ser militarmente irrelevante. Sofre, igualmente, em meio aos turbulentos e armados vizinhos.
Só temos “bicudos” se bicando, naquele trecho do planeta.
Mas qual seria a novidade? Seria econômica. O componente que torna a região mais “explosiva”, o petróleo (eis uma piada pronta), tem visto sua importância diminuir, nas últimas décadas.
Os anos 1970/80, embalados pela hegemonia e pelos choques do petróleo, ficaram para trás.
E mais: além das enormes reservas petrolíferas, controladas pelos EUA e pela Rússia, as reservas latino-americanas, hoje, são espetaculares.
Venezuela, Esequibo, o pré-sal, e a recente descoberta no mar equatorial brasileiro, desequilibram fortemente o jogo.
Ademais, há um esforço mundial para se reduzir o consumo de petróleo.
A redução da importância da matriz energética, baseada no petróleo, associada à descoberta de novas e substanciais reservas petrolíferas, seriam a novidade, no médio e no longo prazo.
Se, nos últimos 40 anos, a importância do petróleo produzido pelos árabes diminuiu, o que podemos prever para as próximas 4 décadas?
Os árabes sabem que o mundo está mudando e se preocupam com isso. Os esforços modernizantes, vistos em Dubai, Doha e Arábia Saudita indicam um novo rumo.
Mas o radicalismo ideológico, o fundamentalismo religioso, ou o simples, cego e bruto ódio, cederão diante dos fatos? Ainda mais em se tratando de um pessoal voltado fortemente, ou visceralmente, para princípios religiosos?
Essa seria a pergunta difícil de responder. Talvez a resposta esteja, somente, em Hogwarts.jc
(Marco A. Adere Teixeira – historiador, Advogado e Cientista Político)