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A discussão proposta por Elon Musk, relativa à liberdade de expressão “absoluta”, ou “ilimitada”, remete a um debate secular. O bilionário pode ser um mestre da tecnologia moderna. Mas não passa de um homem atrasado, quando o assunto é a condição humana.

Desde que a espécie humana é o que é, uma sociedade de seres absurdos, existem regras de convivência.

Os homens se organizaram em sociedade, no alvorecer de sua existência, para se ajudarem, mutuamente, e para se defenderem das feras selvagens que os atacavam. Verdadeiros e sanguinários predadores.

Mas as pessoas viram que, ao viver em comunidade, precisavam de regras, para se defenderem de seus semelhantes, que se comportavam como verdadeiras “feras selvagens”, ou verdadeiros “predadores sanguinários”. Esse seria um fato incontroverso, certo? Ou a humanidade seria um conjunto de “anjos de candura?”

As pessoas, infelizmente, sempre se feriram, mutuamente, através de atos, palavras ou omissões.

Vale lembrar que até mesmo Jesus usou do chicote contra os fariseus. E fariseus não faltam entre nós.

Avançando um passo, seria possível citar dois pensadores que, ao contrário de Musk, pensaram seriamente sobre a natureza humana. Um deles seria Thomas Hobbes. O outro, Sigmund Freud.

Hobbes tratou da necessidade de se conter a liberdade absoluta do indivíduo, onde se daria o “estado de natureza” e a “guerra de todos contra todos”. No “Leviatã”, descreveu a situação onde o homem seria “o lobo do homem”.

Freud veio depois, constatando que, mesmo vivendo sob normas, regras de convivência, ou leis, a condição humana se sobrepunha, revelando-se  nas inúmeras ofensas e monstruosidades que as pessoas praticam, umas contra as outras.

Para se viver em sociedade, não bastaria ter leis. Seria necessária a eterna vigilância. Seria o  que vemos em “Mal estar da civilização”, a obra mais “hobbesiana” de Freud.

Logo, qualquer pessoa que advogue a ausência de limites para as pessoas, ou a liberdade absoluta, onde quer que seja, desconhece os fundamentos da civilização humana.

Ou pior: atenta criminosamente contra a sociedade. Seja um bilionário biruta, ou uma besta qualquer.

(Marco A. Adere Teixeira – historiador, Advogado e Cientista Político)