𝐎𝐝𝐚𝐢𝐫 𝐂𝐚𝐦𝐢𝐥𝐥𝐨 – “Todas as pessoas que vivem na cidade são cidadãos? Infelizmente não é bem assim. Na verdade, todos têm direito à cidade e têm direito de se assumirem como cidadãos. Mas, na prática, de maneira como as cidades crescem e se desenvolvem, o que ocorre é uma urbanização desurbanizada.”
Este deveria ser o verdadeiro conceito de cidade. Um vilarejo com pretensões de se tornar uma cidade, habitada por não mais de 30 mil pessoas. O que deveria ter sido Poços de Caldas, vivida e retratada por cidadãos e profissionais como o amigo Décio Alves de Moraes, entre outros, que tiveram a felicidade de vivenciá-la naqueles bons tempos. Uma cidade onde ainda se amarrava o cavalo nas argolas fincadas no meio-fio das calçadas, hoje substituídas por demarcações alinhadas sobre o asfalto, onde o espaço destinado ao estacionamento do seu veículo precisa da perícia do motorista para encaixá-lo no exíguo espaço.
Este exemplo, como tantos outros foi o preço do progresso e a fúria comercial inevitável de alguns cidadãos. Poços de Caldas cresceu e tornou-se uma das maiores cidades do sul de Minas, e enfrenta como as demais o preço de seu desenvolvimento.
Sua fama atraiu cidadãos, urbanizados ou não, de todas as partes do país. Os serviços públicos básicos, como saúde, educação e segurança, tornaram-se mais difíceis de serem realizados. E os administradores, bem intencionados, apesar de todos os esforços, travam uma batalha diária para amenizar seus problemas.
Mesmo depois destas últimas eleições presidenciais, ainda não vislumbramos uma verdadeira liderança para dirigir nossa nação. Os que se apresentam, foram desmistificados – e até condenados pela justiça. Aqueles que talvez fossem a solução, são descartados, e outros, preferem se esconder no anonimato.
Tornar-se “político” hoje em dia, é enxovalhar-se no conceito de corrupto e ladrão, embora a grande maioria não o seja. Mas o estigma permanece. E poucos se arriscam a enfrentá-lo.
Odair Camillo – Diretor/Editor do Brand-News. Texto publicado em julho/2018